Uma pequena historinha sobre o Certificado Arasolis...

Eu estava me preparando para fazer o Caminho do Sol, pela primeira vez, de Bike. Como todos já sabem, o Palma - idealizador e organizador do caminho - sempre faz questão que os peregrinos tenham informações prévias sobre a peregrinação.

Então lá fui eu, certa noite de segunda-feira de dezembro de 2003, até a loja Mundo Terra que era na Alameda Nhambiquaras, em Moema, bairro da capital paulista, onde aconteciam as palestras. Ao entrar na loja, verifiquei vários pequenos grupos de pessoas conversando que, imaginei, eram interessados na peregrinação.

Em um dos grupos, uma pessoa me chamou a atenção. Era uma pessoa magra, de óculos, poucos cabelos e barba por fazer. "É o Palma", pensei, reconhecendo a figura que me pareceu familiar.

Chegando mais perto, percebi que não era o Palma. Embora aquela figura continuasse a me olhar, enquanto me aproximava, resolvi desviar. Intrigante. Parecia que a gente se conhecia. Alguns passos adiante, parei e observei novamente o grupo da qual me desviava. Eram 3 pessoas. O organizador do Caminho estava de costas para a porta de entrada da loja, conversando com a figura que, vez ou outra, me olhava, como que querendo ser reconhecido, tal qual um velho amigo.

Subimos todos para a palestra. As informações sendo passadas cuidadosamente pelo Palma que, experiente, fazia questão de frisar que, para mim, que faria de bike o caminho, tudo aquilo seria diferente, a começar pela ausência de mochila.

Ao final da palestra, o Palma apresentou a todos o sujeito que eu confundira com o próprio:

- Gente, está aqui o meu amigo Acácio da Paz, que é hospitaleiro em Villafranca del Bierzo, no Caminho de Santiago. Ele está aqui nos prestigiando mais uma vez. É um dos grandes incentivadores do Caminho do Sol e já caminhou conosco, na inauguração do Caminho.

Fui até ele e me apresentei. Deixei com ele meu cartão de visitas, que apresentava a Dozen como uma empresa de Marketing e Tecnologia. Assim também fiz com o Palma e mais alguns presentes.

Fiz o Caminho do Sol - esta é uma história a parte - e acabei sendo o primeiro a ser hospedado no Albergue Arasolis. Na varanda, com toda a hospitalidade de Acácio e Palma, conversávamos sobre a experiência do Caminho, quando, num súbito silêncio, Acácio irrompeu:

- Palma, já sei quem fazer o Arasolis.

- Quem? - Sorriu o hospitaleiro.

- O Rodolfo - afirmou Acácio.

- O Rodolfo? Oh, Acácio. Deixa disso. A gente nem sabe com que o Rodolfo trabalha.

- Ele mexe com computadores, não é, Rodolfo?

- Sim. Na verdade, com publicidade. Sou publicitário - participei.

- Oh, Acácio. Mas publicidade é uma área muito vasta, tem profissionais de diversos perfis - disse, tentando desconversar. Rodolfo, você trabalha com o que?

- Sou diretor de arte, Palma - sorri.

Todos ficamos impressionados e rimos um pouco. Algumas semanas depois, fiz uma pesquisa de imagens, revisei as fotos da Compostelana e da Finisterrana (certificados do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha) e me coloquei diante do computador.

Não possou muito tempo para que o Certificado Arasolis surgisse na minha frente, em pouco menos de uma hora. Ele nasceu de baixo para cima, como a construção de um prédio. Quando terminei, mal podia acreditar no resultado. Inspiração pura, o tempo todo, como seu eu tivesse sido guiado.

Gostei do resultado, embora ficasse um pouco preocupado em saber se o Palma iria aprová-lo. Bom, nada foi mudado da primeira apresentação ao Certificado que os peregrinos recebem até hoje.

Fico muito orgulhoso de ter sido o meio pelo qual esta obra surgiu. Tenho certeza que tive boa inspiração e agradeço ao Pai pela generosidade em me permitir essa experiência que, agora, compartilhei com vocês.

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